quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Crônica_Just Friends_Filme 2005



Otima indicacao,
vale a pena ver...

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Just Friends

Excelente filme!!!!!!
Nos remete a uma atmosfera familiar,onde a fidelidade aos detalhes da epoca sao incriveis...fitas cassete gravadas,formaturas, fotos de papel e principalmente a possibilidade de comunicacao e relacao em um lugar comum diferente da web...A rua, a praca, ou o proprio quarto, criando uma atmosfera solida e anti-cibernetica.Mais confortavel e aconchegante. Recria o cotidiano do adolescente dos anos 90 e nos seduz com a simplicidade e a poesia dos mais corriqueiros habitos juvenis.Impossivel nao nos identificar!

Tem um poema do escritor Helio Pelegrino, que fala sobre algo que 'e bem explorado nesse filme, a relacao...pra Pelegrino uma das maiores grandezas de nossa existência reside no contato com o outro, a possibilidade de estabelecer esse contato, a possibilidade de se atrever a desvendar e decifrar a linguagem do outro e atraves do outro encontrar-se a si ,nosso universo particular, num exercicio diario de dialogo e de convivencia.E 'e atraves da convivencia de Chris e Jamie que o filme nos tranporta a essas questoes.Mas como entrar em terreno estranho sem a comunicação? Como se relacionar sem voz? E como estabelecer uma comunicação sem conflito,sem expor seus mais verdadeiros pensamentos ou impulsos, e mesmo assim manter uma convivencia harmoniosa?

Chris nessa promessa de convivencia, 'e remetido ao resgate de uma afetividade jamais vivenciada, a pureza de um sentimento limpo de interesses , confuso em sua grandeza, assustador em suas possibilidades,onde o consciente e o inconsciente somente buscavam uma so coisa, mante-la perto, por muito e muito tempo...E com medo dos riscos, com medo de sair de uma zona de conforto estavel,a amizade, que Cris prefere o silencio e nao se atreve a percorrer o que poderia ter sido um caminho diferente e muito mais coerente com o desenvolvimento de sua personalidade.

A GRANDEZA de Jamie em sua vida, gera o pior dos medos,o medo que paraliza,omedo que gera a fuga, a fuga de si mesmo.E a perda de algo que nao se tinha, de algo que nao se estabelecera, de algo que ficara em vestigios de memoria.A inseguranca da imaturidade, das pressoes sociais e da falta de autoconhecimento,onde valores comecam a serem esbocados e questionados...sao fatores que contribuem fortemente para sua fuga.

Porem,a vida, principalmente a possibilidade do contato com o outro passa pelo ponderavel e o imponderavel, encontros e desencontros , embora seja importante sermos agentes de nossa vida e trilharmos como autores de nossa propria vida um caminho sob nossa identidade , mesmo com as
dificuldades ...Os encontros e desencontros não dependem totalmente de nossa vontade...eles sao parte do inexplicavel...do acaso, da vontade divina e de
algo muito alem de nossa capacidade de interpreta-los...E sao nessas estradas da vida que Cris tem a possibilidade de retornar.Resgatando a si, num caledoscopio adormecido de vivencias...

Durante todo esse tempo, distante de si , Cris percebe-se construido e nao coerente, abastado e nao feliz, forte e nao sensivel...Pesa posicionamentos, reve-se na turbulhencia historica de sua propria vida, onde a palavra sentido ganha forca ...Acho que a maior identificação com Chris há justamente pelo temor a perda...ficando na zona de inercia, onde infelizmente nao há garantias para que nao nos machuquemos...e a vida nos mostra que o medo da dor gera a propria dor...

A dor é parte da vida, na entrega e na perda , na escolha e na nao escolha, no caminho e na fuga...E com folego Cris enxerga que a coragem e a ação mesmo na presenca do medo e nao na sua ausencia.E e com coragem que Cris possibilita a algo que seria inevitavel impedir...o desenrolar das engrenagens da vida...

Mas o dialogo, nem sempre é harmonioso, muito pelo contrário, a essencia de comunicar-se reside em primeiramente permitir-se conflitar e atrever-se a entrar em conflito nem sempre e algo que nos mova.A coragem 'e possibilidade de acao na presenca do medo e nao a sua ausencia.A voz vence o medo de perder aquilo que nunca se teve, a ilusoria zona de conforto e o entusiasmo não o impedem de seguir pra o inevitavel e temido encontro.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Futuro do Futuro

Pela pulsação do momento perdido
Como caminhar pelas origens
Que insistem no convite a seguir?

Pela pluralidade das vivencias
Convivências desvendando jardins
Secretos,perdidos escondidos

Pelas frestas do respirar
O rarefeito.
Feito de chuva
Nuvens de algodão
E moinhos de arte

Ora cabendo numa nota de vida
Ora se desfazendo por ai....

Cor


O vir a ser do amanhecer
Velado e guardado com o preciosismo
De uma descrença melancólica
Se põem no tear do dia de hoje...

Como atravessar o não vivido
E se despir do que não se foi?

A inexistência nos trai no tom
De uma melodia sem memória.
A imaginação compõe a cena
E a poeira corrói o futuro.
Perfumes e fitas coloridas
Confundem o ambiente
Me despeço de um mundo
Comum a todos que pulsam

Na margem dos que não foram
Es o mais belo poema incompleto
Sem fim pela incerteza de ser real.

E pelas frestas da realidade perdida
Já e amanha agora, e não me vejo aqui.