terça-feira, 28 de julho de 2020

SOL

O tecer dos raios de sol.
O tecer pela manhã as vezes nos ofusca a visão.
O tear fia os feixes luminosos que vão aquecendo a pele.
O tear preenche o coração.
O tear nos ensina a confiarmos na luz que nos faz ver além.

É preciso continuar o trabalho de mergulhar nas estacoes de si.
As vezes é verão na alma, as vezes as folhas caem e baguncam nossos jardins de cimento.

É preciso continuar o trabalho de balançar nos interstícios do nós. 
Sem medo de se perder no movimento do encontro das mãos. 
No ar rarefeito de trapézio e suor.

É preciso continuar a sentir o sol.

É preciso continuar a sentir o sol depois do eclipse.

É preciso ressignificar o sol.

Sentir a vida em estado de eterno criar.

Pois cria- se nos desdobramentos de si que se espalham em palavras, imagens, movimentos, sons e cores.
Cria- se na vida que se expande para além de si na pulsão de amor que não se mede.
Cria-se na escuta do mundo.
Cria-se no risco de se perder e se achar na loucura de um caminho de afeto e comunhão. 
Cria-se no meio. 
No agora.
Na voz. 
No amor de reinvenção e canção. 
Cria se no invisível.

É só olhar de novo