sábado, 6 de fevereiro de 2021

Mulher

Ouço sua voz

Quando atravesso camadas submersas em mim.

Quando piso em meu eixo entregue a sorte.

Quando sinto o vento das coisas fugidias.

Quando o canto me leva as extremidades do sutil.

Quando paro no compasso para ser o que sou: mulher.


Porque ser mulher não é tarefa simples. 

É trabalho cotidiano na relação com o mundo que desagua rios na carência em não tê-la. 

É feminino sensível na mediação de tudo que pulsa.

É força no germinar tempo de florescer vida que desdobra vida.

Que ouve coração no exercício de chorar junto.

Aquecer ninho e não deixar sozinho. 


No silenciamento de si, o lamento do mundo.


Mundo que não sabe lidar com ela.

Ela que se ajusta as demandas do mundo.


Mas também é festa desejante

Aguas profundas do nós

Vínculo, conexão, alquimia

Brincante do chão da gente.

Pelos palcos da noite e  também do dia.


Quando o feminino perde espaço?

Quando negociamos o mais sagrado em nós?

Até que ponto alcançaremos estrelas e pisaremos nosso chão na utopia extraordinária do sentir.


Expansão pra dentro e pra fora.

Fora dos muros do medo.

Equilíbrio na troca com mundo.

Equilíbrio na troca com outro. 

Equilíbrio.

Na corda bamba em viver.