sábado, 25 de setembro de 2021

Recomeço

As mãos estão vazias

As mãos sempre estiveram vazias

Para dançar no fluxo

Pelas resistências do corpo

Na trama dos afetos.

 Na peneira das relações


 O entrelaçar dos laços frouxos

 Na teia do comum

 No ninho dos ancestrais.


Pelos  pais e tudo mais


Na conversa eternizada de histórias.

Nas memórias, na cozinha, 

No trabalho que se alinha

No suor em busca da conexão.

Na ausência de razão.

Na pulsão de fogo e paixão.


Na mão que encontra outra mão


Nos pés descalços 

Na areia, no chão, na ação

Na transmissão de tudo que é.

 

Afeto.


 Afeto que chega e que sai

Afeto que atravessa e que vai

Vira poeira no mundo 

E nasce poesia.


Vida que não espera o sim

 Nos desencontros fortuitos da aceleração

 É tempo de nãos

 Não vou

 Não quero

 Não estou bem.

 

Mas tb é tempo de reencontrar

 O toque no fluxo vivo

Energizado do entre

 Entre galáxias de silêncio

 Entre o tempo

 Há vida


Elogio a casa


E a casa me leva pra casa.

Me sugere asas.

E faz eu questionar meus pés.

Meus pés pisam na casa

E sente o afeto de todos.

Estruturando o chão de madeira da web.

A casa de aguas, de rios, de riscos e abismos.

Abismos de si.

Eu devagar volto pra casa

Pro corpo presente

Pro corpo da gente!

E sinto o cheiro de café da casa.

Da leitura não utilitária.

Da casa florescer.

No meu amanhecer.

Eu refaço a minha casa

Do alicerce ao telhado.

Olha ali, pulou um gato!

Que me fez esquecer.

A casa ta no entre.

No meio da gente.

Na asa do C.

E hoje ela ta em mim 

Não ela passa por mim

E vou pro mundo.

Que invade casa.