quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Terra




"Não quero a languidez
De um corpo sem músculo
Na sombra da vontade perdida
Farinha,sal e raiz
Fincando os pés
Na dinâmica mutável do acontecimento
Renascendo diariamente
Na respiração da terra"

Universo

Para além da memória
No poente de um pensamento
Universo simbolico,chão de nossa casa

Casa de ar,agua e ilusão
Perdida na atemporalidade do sentir
Longe daqui,noutro lugar
Imovel,pela imutabilidade do sagrado

Do seu altar escolhas de eternidade
Movimento nas areias de seu mar

No rosto, o sopro do novo
Velho ar de estorias submersas
Reinventando-se com melodias
Que trazem lembranças de mim.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Tempo




"De acordo com a mitologia, Cronos temia uma profecia segundo a qual seria tirado do poder
por um de seus filhos. De temperamento violento e negativo, Cronos passou a matar e devorar
todos os filhos gerados com Réia. Porém, a mãe conseguiu salvar um deles, Zeus,
escondendo-o numa caverna da ilha de Creta. Para enganar Cronos, Réia deu a ele uma pedra
embrulhada num pano que ele comeu sem perceber.
Ao crescer, Zeus libertou os titãs e com a ajuda deles fez Cronos vomitar os irmãos (Hades,
Hera, Héstia, Poseidon e Deméter). Zeus, com a ajuda dos irmãos e dos titãs, expulsou
Cronos do Olimpo e governou como o rei dos deuses gregos. Como tinha derrotado o pai
Cronos, que simbolizava o tempo, Zeus tornou-se imortal, poder estendido também aos irmãos.
Na mitologia romana, Cronos é conhecido como Saturno."


Tempo,tempo tempo tempo...Conforme a mitologia, a explicação do tempo ainda sem a presença da objetividade cientifica, o coloca como cruel e implacável, devorando seus filhos e não dando a chance de sobrevivermos.A finitude cientifica comprova essa explicação sem a beleza inerente aos céus de Ícaro.E nossa melancolia indizível, a incomensurável dor de uma ausência.

Porem a representação simbólica da Sabedoria, do Renascimento e da Sensibilidade, materializados em ZEUS,HADES e POSEIDON, colocam o tempo em deslocamento e sua origem perde sua base.A dimensão temporal pela ótica da sabedoria , do renascimento e da sensibilidade perde sua capa taciturna e ganha ares de possibilidade...Mitologicamente o tempo embora implacável possui fragilidades, que são penetráveis por qualidades também humanas.

Como dialogar com tempo e ainda assim caminhar levemente?

Memórias, escolhas e vivencias históricas...Características inerentes a vida temporal.Finitude e Transformação.Renascimento e Sabedoria.Sensibilidade e Atenção.Dialogar com o Tempo é poder dialogar com a Vida.Sábia, sensível e em constante renascer.Porem o tempo foi devorado por sua fragmentação sem permissão, e sua criatividade diluida, pela inércia de nossos movimentos mais verdadeiros.

Estarmos atentos, na estrada central da vida nos possibilita não sermos devorados pelo tempo inerte.A distopia pink floydiana em suas canções nos canta um tempo fragmentado,alienado e sem atenção.Um tempo que vitimiza seus filhos pela falta de sabedoria em se fazer agente de sua própria narrativa perdida na vaidade de pertencer ao nada.Nada que possa se dizer nosso.Insensíveis diante de nossos irmãos e fixo nosso seu ego estúpido.Imagens fragmentadas na indústria da vida entorpecida de ilusões.A tristeza de não se enxergar a voz na multidão, o remete a um mundo lúdico de lucidez arida,beirando uma poesia sem esperança.

O real se torna necessário para entrarmos em contato com o lugar de nosso presente.Perdido pelas frestas, a margem de um tempo que possa ser plenamente vivenciado.

Mas o resgate de um verdadeiro dialogo com a vida, implica em atravessarmos
a membrana de nosso próprio tempo, vendo pela narrativa da eternidade, as possibilidades de nossas infinitas origens.Materializadas em nossas vozes.Vozes com múltiplas faces.Movimento,melodia, palavra, cor,toque.Possibilidades de
dialogo, vislumbrando um momento de despertar...Mediações entre nosso tempo e o verdadeiro tempo, atemporal em sua grandeza tangível.

Distopia


Pelo viés de uma vida distopica
A inconsciência de caminhos ditados pelo não
O amanhecer convida ao diálogo do impossível
E a sacralização o alimento da dor


Aprendendo a conviver
Com o lugar da ausência consentida
Por não traduzir o vazio
Num mal estar de lembranças

O imponderável sugere uma releitura
Diante muros ao longo dos tempos
E a voz não encontra meios
Para a mais singela melodia

Como encontrar a expressão
Para latência do não vivido
Esquecidas nos vestígios do silêncio
Pelas frestas das janelas que insistem
Em continuar fechadas.

Dos santuários de ti,medo
Da vida,movimento
Da consciência,explosão.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

VOZ


A dor da solidão alheia
Nos fere como a consciência

Não adiantará gritar
A nudez não lhe diz mais nada
E seu caminho
Somente obedecerão a seus passos

Vozes vãs não encontram
A linguagem para um olhar
Atento para o mundo
E desatento para si

Nossas escolhas,
Matéria de memórias,sonhos e nãos
Vivências históricas num caledoscópio
Aberto em veias de possibilidades
Somente terão significado para ti

Mas como não compartilhar
Signos,significados e melodias
Na turbulência pulsante do não viver
Onde imagens se confundem com desejos
E nem mais sabemos o porque de se estar

Pertencendo a tudo,
sem ao menos lembrar de sua imagem
distorcida nas águas de um rio sem fim.