sábado, 23 de julho de 2022

Corpo Alma-Poesia adulta

 

Era corpo,
corpo que a maior parte do tempo cala, 
corpo que se resguarda dos afetos pungentes,
 que transformam vida,
 corpo que não permite ser corpo. 
Era mente.
Mente que cria desculpas.
 Mente que mente.
Por que se fora corpo
 seria transbordamento de alma pelos poros dos sentidos.
Mas também se comunicava,
 era desfiladeiro de si,
 busto que se dobra pra ver a altitude da queda,
pernas que se encostam,
pés que se alinham na iminência em cair,
dobrar-se diante do meio 
e desequilibrar nas fronteiras da gente.
Era fome de corpos que se mesclam no encontro das águas.
 Era carne que se comunica,
 carne que se conecta ao chão do coração.
Era paixão. 
Era a promessa do encontro,
 era o conto.
Conto de histórias e trocas, 
de comunidades vivas, 
de pés descalços nas areias quentes,
 era nudez da gente.


Mulher Oculta

 


Inserção no mundo.
Mundo fálico, mundo falido.
Objetificação na produção de tudo que há.
Distinção no descarte da imperfeição.

Quantos homens precisei ser para me tornar uma mulher?
Quantos homens precisei deixar se ser para descobrir-me mulher?

Descida da deusa
Heroína do caos
Vida em estado de intuição.
Disrupção, corpo, reconexão.

Nós somos e isso basta

quarta-feira, 20 de julho de 2022

Feminino



Os mares se revoltam.
Os mares se revoltam a medida que as páginas de nossos diários ascendem no ar.
Elas se encontram no tempo do infinito.
Elas ensaiam a dança da vida.

A mulher se levanta.
A mulher eleva-se as profundezas dos rios de si.
A mulher se ancora meio.
Ponte suspensa pelas vigas da imaginação.
Fogo da criação.
Paixão.

Lua que reflete sombras.
Cicatrizes que se curam pelas águas da gente.
Ela é outra, ela é a mesma.
É o encontro com o tempo.
É o vento.
A história do instante, errante.
Na liberdade em encontrar-se.
Mais uma vez. 

OBS: Desenho idealizado e realizado por Beatriz Luz(minha filha).