sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Presente

Pelo espaço, a memoria nos carrega para o tempo da 
escolha sem escolha, para onde fui eu,perdido em mim,potência 
de ser outro,felicidade de não ser
 eterno...Ao longe, o
futuro do presente fazia uma curva,esboçava suas
possibilidades, nas expectativas vãs de não poder recomeçar.Mas
o mar da vida,ainda anunciava a canção dos tempos de menina,
submerso pelas estradas do nós. Gente.Gente que motiva a
andar, na corrida sem rumo de sempre.No dia a dia.Gente que
te faz outro, que te sustenta na loucura da margem
inconsciente do eu.Para alem das instituições, gente.Pessoas
que passam, que ficam, que voltam, que vivem e convivem na
eternidade da narrativa plural sem sentido mas repleta de
emoção.Gente que segura sua mão e vai junto pelos descaminhos
do caos.Num caleidoscópio de descobertas,ouvíamos a voz de uma
casa a procura de seu lar.E a estrada do desvio,atinge hoje
sua maioridade e vê sua trajetória cumprida pelas ruas
estreitas e órfãs de lojas de disco e cinemas das tardes
intermináveis da Tijuca e Maracanã...Onde tudo começou, tudo
termina.Pela intensa força atemporal,o hoje redesenha seu rosto nas esculturas do agora.E pela poesia da consciência a fé na certeza de outro amanhecer.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Solar

Para além das instituições, a falência múltipla das construções, erguida num nós externos ao eu e a você. A passagem de tempo pede passagem e sem rumo vai a qualquer lugar onde o outro não possa estar. Ao encontro, um desencontro de palavras sem vida, no engarrafamento diário de fonemas sem voz.
Peço perdão por estar aqui, e estando, imploro pelo ar que por enquanto ainda se é compartilhado. Lá fora, a vida em estado bruto, desenha no vento a descrença na canção. Vínculos esfarelam-se despercebidos por entre as casas que insistem em permanecerem intactas. Utopia que te faz homem, por onde anda as mãos que não se tocam, os dias que não nascem e narrativa de seus passos de menino. Diluiu-se fora de ti, perdeu-se fora de nós. Encerra.Encerra sua visão distorcida de sempre.Encara.Encara a realidade como outro lugar. Pelo hoje que te faz voz, pelo corpo que te faz vida, solta sua dança pelos silêncios e  sem medo entenda que o caminho é o espaço.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Agora






Na ousadia de perceber-se um
A vida nos convida a entrega
Sem olhar pra trás
Sem olhar pra frente


A perversidade da escolha 
é imperceptível 
Aos que não vêem
e passamos desapercebidos
em nosso espetáculo particular
De luzes e sombras.


Sua dádiva, o Sentir
Em sua grandeza sem conceito
Pulsar criança no lúdico 
Do sorrir sem medo
Estar aqui,chão inteiro
Coragem de se ver frágil
Certeza de se constituir forte
Na membrana invisível do ser
Um na multidão


Todos riem ,todos choram
A vida passa, 
E ao passar pra vida
o presente nos preenche
com o estado de infinito
passado e futuro dançam sem peso
na imagem atemporal do agora.

sábado, 30 de junho de 2012

Fio

Na construção de ser imagem,a escolha se traduz em condição e o caminho se dissipa por lugares nunca visitados. Ousaremos ir além das engrenagens distorcidas da existência comum? Pela fragilidade da manhã que nasce, sendo voz,a linguagem se espreguiça. No horizonte sem contorno, tenta uma pirueta e no trapezio da vida poesia e silêncio dialogam no ar. Entendendo-se tempo,ultrapassam a matéria do hoje e pela utopia da vontade preenchem o vazio, invisível para os que não sentem.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

"AMOR" _ Adaptação do Conto de Clarice Lispector

Ainda posso lembrar a fragilidade dos ovos que ao quebrarem escorriam pelo chão do bonde naquela tarde de instabilidade.

A fragilidade daqueles ovos remetiam a fragilidade da minha própria vida.

A desordem da minha juventude não tem espaço pro meu hoje,
tenho filhos de verdade, tenho marido de verdade , tenho um lar de verdade...tenho a solidez...

Solidez que me trouxe a paz que nunca pensei encontrar.

E cotidianamente me doou no cultivo de minha estabilidade doméstica...no meu mundo de aperfeiçoamento continuo...no meu palco previsível de vida.

E me resguardo...me resguardo dos perigos das tardes de inquietação, quando os moveis respiram sem poeira diante da minha inutilidade.

Tudo esta em ordem e tudo devera permanecer em ordem,...até quando o amanhã vier e eu voltar a me dedicar a meus filhos, meu marido e meus moveis
empoeirados...

Ate a hora da inutilidade me inquietar novamente...

E aquela garota livre, com uma felicidade descontrolada,e doida tenta falar comigo, tenta me sufocar...

Foi nessa hora que sem perceber, um cego...um cego partiu a fina membrana da minha vida... mostrando assustadoramente as possibilidades de ser...

...um cego mascando chicle no ponto ...cego...no ponto...mascava chicle...sorria...sorria...

Meu coração se encheu de piedade ...a desordem transbordava ... a desordem de poder ser outra...do mundo precisar de mim....

o mal estar da minha juventude havia voltado...eu não me sentia mais segura...os ovos quebraram...eu não era mais a mesma...uma misericórdia pelo que eu desconhecia invadia meu novo mundo ...

Perdi o ponto de saltar do bonde...me perdi dentro de mim...longe das paredes da minha casa...

Ah...Casa...Cada sua paz?

Algo se quebrou...a vida se apresenta cotidianamente...o mundo é vasto, o mundo é meu...As tardes de inquietação se estendem por todo o dia...nem os moveis me tranquilizam.

sábado, 31 de março de 2012

Artesão da Vida


É pelo movimento de meus mares, e pela visitação ao simbolico adormecido, que inicio a busca pela materia prima de minha construção.

Construção feita de eu e mesclada indiscutivelmente com nós.

Oficio de se sentir vivo, unico em sua jornada de pulsar plenamente no caminho em direção a si e ao mundo.

Vasto mundo,vastidão de percepções adormecidas nas inutilidades de ser mais um a caminhar sem rumo em direção ao nada.Na narrativa poetica do amanhecer, o entardecer de nossas vidas nos afasta do essêncial, desatento a nossas vozes sufocadas pelo tempo.

Mas já é tempo de ouvir a voz do corpo, que se alonga tocando o céu...ganhando contorno em busca de seu equilibrio identitario,numa estetica
muitas vezes não compreendida em sua temporalidade, mas harmonica em sua sutileza de dialogar com o ar.

Rarefeito de sutilezas e percepções,o ar pesado cede espaço ao ator ,que insistentemente convida a todos a sonhar, a olhar o invisivel com olhos de criança e se aventurar na pluralidade das sensações compartilhadas desde sempre.Abrindo com as cortinas da vida, a possibilidade de todos serem, um, de todos serem varios,numa comunhão pela aquarela das vivências incolumes.

O sagrado sorri, o artesão e a vida renascem e do silencio, o gosto aflito de não se poder voltar...o caminho é o agora e o encontro tem gosto de eterno.

Para sempre



Tenho fome do tempo

Quero sentir o vento
Do tempo que se é
Na medida de ser ação
Na medida de ser hoje.

Hoje feito de ontem.
Hoje feito de amanhã.
Hoje feito de verbo.

No eu mesclado de nós
Nas vozes de mim
Sentindo o chão de nosso lar
Palco de nossas vidas

Meio que te quero vivo

Sutilileza que te quero pão

Vida que te quero arte.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Presente



Num frasco de pensamento...Poesia.
Síntese do sentir inteiramente voz.
Imagens possíveis compondo ambientes comuns,
num calidoscópio adormecido de vivências.

Ouça o pulsar da vida
pelos ouvidos dos que insistem em ver
atentamente os vestígios de ontem
e as aspirações de outro amanhecer

Bussola de meu céu,palco de minha vida
Ação pulsante fragmentada no respirar
Movimento de renascer sempre além
Fragilidade na sutileza de existir
Pelo tecer diário da magia do instante.
O amanhecer de outro eu

Pela potência estética das vivências
Compartilhamos signos,
o indizível nos convida
pela película da sensibilidade
a olhar o silêncio.

E na atenção de um instante,
sentir o palpável e seus horizontes
Dialogando com o tecer poético do cotidiano,
sempre outro, sempre o mesmo,
em sua singela existência comum.

Cotidiano


Como se o hoje não chegasse,o cotidiano se derrete nas narrativas das
vivências...
Como se o hoje não chegasse, o amanhecer se traduz em poente na aspereza
das palavras sem som...
Como encontrar o passo, no compasso das esperas sem fim.Como traduzi-se em
vontade, pelos olhares cansados nas ruas sem caminho.
Por onde anda você, peso poético, que traduz a leveza de nossa
existência?
Por onde anda a melodia sem fim de constituir-se vivo?
Estrutura de ar que constroi vidas,espinha dorsal da criação, suspensa na
nuvem que suporta o mundo...De nós e de outros...que há tempos não se ouve...
Linguagem desnecessaria na mediacao do silêncio,infinito em suas vozes de sempre.