sábado, 28 de dezembro de 2019

É de dentro que te vejo.
É da profundidade
que cotidianamente tentava emergir
que ainda te olho nos olhos.
Fugindo de si,
olhando pro lado,
saindo de cena,
buscando atalhos,
reinventando-se na utilidade da correria dos que não vêem.
Eu te vejo.
Em superfícies de anestesias,
ritos de passagens, escolhas impulsivas, atos falhos,pés molhados,
na correnteza que não te banha.
Eu te vejo.
Em danças de roda, cantigas de ninar, entradas e saídas, noites a vagar,
ruas sem saida, casa que vira lar,
colo de criança,
silêncio que ainda não quer tocar.
Eu te vejo.
Na perspectiva que te assombra,
no ângulo que desconhece,
abaixo dos tropicos,
nos magmas e oceanos.
Eu ainda te vejo.
E sigo sem esperar
que um dia se veja também.