domingo, 5 de maio de 2019

Afeto

O que fica de tudo que nos atravessa?
Aprender a aprender.
Não ter medo.
Ser afeto na travessia de gente que chega e que sai. No fluxo incontrolável das horas, no ritmo dos que ouvem a vida.
Vida que chama pro fazer, tecer junto o essencial do nós. Gente que pulsa na inquietude de ser maior. De um dia poder caber no espaço de si. Ousando ir na divisa do outro, no meio compartilhado, no espaço mesclado da construção.
- Porque não se engane meu irmão, é bem ali onde termina eu e inicia você  que precisamente começa o horizonte largo da criação. Universo do nós submersos nas ruínas da imobilidade, do descaso e da burocracia. Somos mais que estatísticas, espalhadas numa superfície que não toca o essencial. Somos feitos de carne, sangue, histórias, memorias, afetos e principalmente sonhos. Somos estrelas adormecidas na imobilidade da descrença.
Mas na entrega, pulsamos no som de uma mesma canção, sendo iluminados pelo sol. Sol que compõe a paleta da diversidade de cada um: professor, cantora, poetas, educadores, skatista, sacerdote, atriz, capoeirista, cineclubistas,curadores,músico, guardião do fogo, designer.
Artesãos da vida na  tarefa de realizar. E realizamos. Realizamos na imagem, construímos no risco e concretizamos nos afetos.
Na água  profunda que limpa dores, irriga secas e transforma vidas. Água que pelas brechas encontram caminhos desapercebidos da razão.
Útero mãe.
Acolhe, cria, irrompe.
Não queremos ter razão, queremos transpor palavras em ação , potencializar horas de criação , recriar espaços, fissurar a concretude morta que ameaça  desmoronar cotidianamente em nossas cabeças emergindo coletivo.
Somos frágeis e fortes na reexistência de não resistir.
Agir na mão alternativa da construção poética do nós.
 Ser voz e ousar seguir.