domingo, 23 de janeiro de 2011

Fabrica de sonhos


Fechem as cortinas da vida comum, privada na sua singela e impar capacidade de frutificar o amanhecer
criativo de um pensamento diferente.O sol se põe na esquina de nossa passividade e a inação frente aos
dias seguem no controle da realidade que projetamos alegremente para a lente do próximo.

Tão distante de si e de suas capacidades que se desconhece, feliz em sua trajetória espetacular.Livre em
sua pequenez utilitária, rico nas lacunas que incansavelmente insiste em não preencher, com
possibilidades perdidas e ignoradas no tecer do dia.

Porque ousar ser assim, tão pequeno e frágil na sua grandeza ornamentaria.Atrevidamente arcaico em seus
pensamentos, isolados na sua difícil capacidade de ver, enxergando somente a aridez da realidade que te
afronta na árdua tarefa de conviver.

E o verbo se traduz medo de sua própria narrativa, perdida, nas palavras que se fragmentam no
vento.Poeiras e suor se mesclam com sua dor de contemplar o enigma sem ao menos tentar vivenciá-lo, na
incontrolável dinâmica de seu chão, que some a medida que segue sem rumo.

Sem controle, a entrega nunca será uma escolha, mas um abismo para a possibilidade de respirar outra
vez.Percorrendo talvez por estradas que te levem ao intimo magma de sua matéria.Etéreo e leve em sua
verdade,simples em seu movimento só.

E pela mediação que hoje te aprisiona, sua voz deixe de silenciar a infinidade de sons que adormecem em ti.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Trem azul


Linguagem plural
Ruídos entre multidões
Palavras sem voz
Amontoado de letras
Sem sentido,sem mensagem

Entender-se único
E mediador
Dos mundos
Dentro e fora
de nós.

Descobrir-se
palavra,
movimento,
cor,
traço,
imagem,
som.

Alcançar a nota
mais alta,além mar
no universo revolto
do outro e da gente.

Pelos trilhos...
Trem azul de vivências.
Se sustenta a narrativa
na árida construção diária
até o nosso amanhecer.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Vida


É na permissão da renovação que reside nossa identidade, é na entrega a própria vida que atuamos em sintonia com nosso mais profundo eu.É na desconstrução diária, nas mãos vazias para tocar, no nada para preencher,na fragilidade para fortalecer... é entre o eu e o você que reside o essencial.Nos reinventamos a cada instante,e mesmo assim jamais estaremos pronto, a idéia de estar preparado para algo se encerra no movimento, e o resto é o tudo e o nada, mesclados na nossa intima
capacidade de crer.Enquanto as ondas passam e insistimos contemplar o horizonte, enxergando-o com os olhos de quem
 vê, podemos ser tachados de loucos.A perspectiva de se olhar alem das engrenagens fixas de nosso cotidiano,requer trabalho
diário e fé.Sozinhos ou acompanhados o exercício do ver é único e sua concretização depende de nossa capacidade de escolha.E o tempo da escolha,é o tempo de se ousar perder.É onde a dor ganha contorno na encruzilhada da vida e o sofrimento se dissipa face a nosso movimento.