sábado, 28 de dezembro de 2019

É de dentro que te vejo.
É da profundidade
que cotidianamente tentava emergir
que ainda te olho nos olhos.
Fugindo de si,
olhando pro lado,
saindo de cena,
buscando atalhos,
reinventando-se na utilidade da correria dos que não vêem.
Eu te vejo.
Em superfícies de anestesias,
ritos de passagens, escolhas impulsivas, atos falhos,pés molhados,
na correnteza que não te banha.
Eu te vejo.
Em danças de roda, cantigas de ninar, entradas e saídas, noites a vagar,
ruas sem saida, casa que vira lar,
colo de criança,
silêncio que ainda não quer tocar.
Eu te vejo.
Na perspectiva que te assombra,
no ângulo que desconhece,
abaixo dos tropicos,
nos magmas e oceanos.
Eu ainda te vejo.
E sigo sem esperar
que um dia se veja também.

sábado, 14 de setembro de 2019

Andar na mão de si. Ouvir a respiração do tempo.Tempo de pausar e
tempo de seguir. Seguir pra dentro de si. Útero mãe de nós.
Ouço sua voz na dança de contemplar tempo.Vento forte no semblante que pesa.Reza.Na tentativa de ouvir Deus,na tentativa de ouvir o silencio do mundo.Ouvir as estações do tempo antes do verbo.Aquieta-se no auto acolhimento, sentimento preso na garganta que irrita tempo.Vento forte que sopra pra longe. Longe de si, abismo do nós.Horizonte de sois separado pelas galaxias de medo.Distancia alem de si, pra fora da janela do eu, não há vista que permita ver.Sente, ouve no canto das origens, o silencio da gente.Sente. Não seja travessia além de si, acumulo de mundo, resíduo de bugigangas que obstruem vida em estado de luz. Não seja voz alem do silencio da alma que por ora quer ouvir-se. Escuta a criança que não foi.Seja o mesmo no tempo do instante. Na imaterialidade do real, diamante do agora.Ande, no ritmo do coração que limpa artérias, fluidos e memorias. Esvazia se de tudo que pesa. Ganhe espaço pra brincar com as nuvens, tocar o céu e fincar os pés na areia do seu eixo.Deixo. Deixo pra trás o peso de acertar. Quero experienciar! Quero tocar o mundo com olhos molhados e as mãos firmes. Na leveza de ser aprendiz.Atriz de si na invenção do mundo.Mundo feito de cheiros, espaço e ar. Mundo feito de danças, cantos e movimento. Mundo feito de encontros e desencontros. Mas acima de tudo de tempo que caminha junto, no compasso do silencio.

terça-feira, 20 de agosto de 2019

Pq o fim é  o começo. Pq o sorriso, aquele sorriso refletido na ambiência de sermos descoberta incerta no risco, na duvida e nos fios submersos  de conexões que se materializam na vida e na morte de ser outro, se perde na esquina da vaidade de enterder se por ora certo. É bem certo perder a si e achar um mundo do tamanho de suas certezas.Rasga seus cadernos, suas musicas, seus escritos, seus gestos inacabados na tentativa de fazer signo etereo que responde alma e debruça na companhia de uma na janela do lado de fora de seu eu. Como ser nós se perde novamente a si na imagem turva que embaralha seu rosto nas aguas rasas de uma multidão que não o reconhece pelo seu nome? Será João, José, Benicio, Deocleciano na estapafurdia tentativa de classificar o inclassificável. Não importa agora. Nada importa mais.Perdeste as horas, os minutos, as frações sensíveis dos segundos optando pelo lado oposto de tudo que pela eternidade intui vida.Corre feito crianca que tenta alcançar abrigo na sentinela de roteiro pre escrito e enredo conhecido.Cala- se novamente na inquietude que grita por tudo que pulsa e ofusca o sol na certeza de outras galaxias.Alcanca o mundo que só hoje é teu abrigo na entrega de não se sentir só.Sozinho, finge tão bem que esquece que é um desconhecido.

sábado, 1 de junho de 2019

Mãe- palavra forte, arquetipo de autoridade e afeto. Cura pela presença. Escuta das dores do mundo.Mundo que acontece dentro de si. Matéria de vida que ganha limitações no corpo que irrompe pele. Sangue que pulsa no tic tac de sua correria. Frio na alma, dor, riso farto. Mãe, pq vc nao esta aqui? Mãe matriarca dos afetos nos repertorios de traumas e alegrias. Fria, na estrutura proposital de nos tornar fortes.Morte e vida no ritmo de seu olhar. Mar, que acalma e causa turbulências no existir par.Para sempre serei seu par. Partir na dor de voltar. Vem cá.
  • O mundo anda carente de mães "nao faz isso menino, me da um abraco, cadê seu caderno? , estuda, o que voce quer da vida, ta bom eu deixo, vou te botar de castigo!!!!"O mundo precisa de mães! Vida que corre no fluxo da carência. Paciência. Somos todos mães na tarefa utopica de cuidar, sem garantias de salvar, transcender, no tempo cirurgico do nascer.E que nasçam, que a gente nasça sempre, gente de todas as idades, homens, mulheres, crianças e anciãos.E que as mães cresçam em nós.

Mães

Mãe- palavra forte, arquetipo de autoridade e afeto. 
Cura pela presença. 
 Escuta das dores do mundo
.Mundo que acontece dentro de si. 
Matéria de vida que ganha limitações no corpo que irrompe pele.
 Sangue que pulsa no tic tac de sua correria.
 Frio na alma, dor, riso farto. 

Mãe, pq vc nao esta aqui?

 Mãe matriarca dos afetos nos repertorios de traumas e alegrias. 
Fria, na estrutura proposital de nos tornar fortes.
Morte e vida no ritmo de seu olhar. 
Mar, que acalma e causa turbulências no existir par
.Para sempre serei seu par. Partir na dor de voltar. Vem cá.
O mundo anda carente de mães "nao faz isso menino, me da um abraco, cadê seu caderno? ,
 estuda, o que voce quer da vida, ta bom eu deixo, vou te botar de castigo!!!!
"O mundo precisa de mães!
 Vida que corre no fluxo da carência. Paciência. 
Somos todos mães na tarefa utopica de cuidar, sem garantias de salvar, 
transcender, no tempo cirurgico do nascer
.E que nasçam, que a gente nasça sempre, gente de todas as idades, homens, mulheres, crianças e anciãos.
E que as mães cresçam em nós.

domingo, 5 de maio de 2019

Afeto

O que fica de tudo que nos atravessa?
Aprender a aprender.
Não ter medo.
Ser afeto na travessia de gente que chega e que sai. No fluxo incontrolável das horas, no ritmo dos que ouvem a vida.
Vida que chama pro fazer, tecer junto o essencial do nós. Gente que pulsa na inquietude de ser maior. De um dia poder caber no espaço de si. Ousando ir na divisa do outro, no meio compartilhado, no espaço mesclado da construção.
- Porque não se engane meu irmão, é bem ali onde termina eu e inicia você  que precisamente começa o horizonte largo da criação. Universo do nós submersos nas ruínas da imobilidade, do descaso e da burocracia. Somos mais que estatísticas, espalhadas numa superfície que não toca o essencial. Somos feitos de carne, sangue, histórias, memorias, afetos e principalmente sonhos. Somos estrelas adormecidas na imobilidade da descrença.
Mas na entrega, pulsamos no som de uma mesma canção, sendo iluminados pelo sol. Sol que compõe a paleta da diversidade de cada um: professor, cantora, poetas, educadores, skatista, sacerdote, atriz, capoeirista, cineclubistas,curadores,músico, guardião do fogo, designer.
Artesãos da vida na  tarefa de realizar. E realizamos. Realizamos na imagem, construímos no risco e concretizamos nos afetos.
Na água  profunda que limpa dores, irriga secas e transforma vidas. Água que pelas brechas encontram caminhos desapercebidos da razão.
Útero mãe.
Acolhe, cria, irrompe.
Não queremos ter razão, queremos transpor palavras em ação , potencializar horas de criação , recriar espaços, fissurar a concretude morta que ameaça  desmoronar cotidianamente em nossas cabeças emergindo coletivo.
Somos frágeis e fortes na reexistência de não resistir.
Agir na mão alternativa da construção poética do nós.
 Ser voz e ousar seguir.

quinta-feira, 18 de abril de 2019

Eu me sinto artista quando estou na prontidão do instante, presente na troca com ambiente, no eixo integral do eu. Quando entro em escuta sensível, quando protagonizo as vozes daqui,  quando permito me entregar ao jogo e a vida e se necessário reinventa-los.Sinto-me artista ao perceber a  poesia dos atravessamentos coletivos, resistentes ao embrutencimento da prosa cotidiana, sendo mediação e ação. Quando possibilito estruturas  que viabilizem linguagens e possibilitem encontros.Quando permito ser.Sou artista quando sinto no corpo, nos espaços e  afetos a potência política da arte.E quando expresso em poesia expandida esse estado vivo que é  uma escolha diária.Mais um dia escolho ser artista. Quero ser artista sempre.

quarta-feira, 17 de abril de 2019

Ha algo invisível que nos une.No secreto particular de uma alma por hora cansada, ha um coro que grita por dignidade.Cada um em seu território de realidade construida, munido de suas ferramentas que ocupam o espaço que ainda resiste bravamente.Somos potência adormecida na incomunicabilidade do tempo.Tempo que se arrasta nas salas de aula, mas que se apequena nas ideias utópicas de um novo amanhecer. Tempo liquido onde td se dissolve no ar, mas concreto no peso da sobrevivência. Somos desejo de vida aprisionados na impotência de um meio, que por enquanto se apequena na incapacidade de somar.Somos um,somos escola, fragmentados na indignacao cotidiana do eu. Somos engajamento poético na resistência em não embrutecer.Mas embrutecemos, embrutecemos na aridez que nos desloca de agentes de nosso instante. Instante de ação embuido de todo nosso arcabouco de vida. Memoria, afetos, relações, aprendizagens, esperanca,desejo e fé. Tudo se mistura e a fragilidade das arterias obstruidas da instituicao insiste em ocultar as brechas possíveis de outra realidade. Há potência, que haja vida.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

POESIA

 Hoje escolho poesia. 
Só por agora quero a vida transbordando nos poros de se experimentar livre.
Na esteira da existência a subversão em sair do lugar.

Não há lugar, nunca houve.

Há imensidão na construção do agora e do depois do agora.
Nao há lugar que limite a vontade de se expandir além do que se percebe.
Ser, novamente outro e outro e outro.
Na utopia concreta do que se faz.

Açâo na intenção de sentir o mundo.
Mundo feito de vontade,
 mundo feito de afeto, 
mundo feito de imaginação

.Das amarras dos dias de sempre,
 transpor o cinza que se ergue
 e rasgar cor.

Pq nosso pano de fundo é azul turquesa, 
vermelho sangue, amarelo manga e lilás. 

Somos cheiros adormecidos na inércia da desesperança.
Criança ávida por terra.
Movimento do nascer vida.
Por horas estagnados na aspereza do cimento em ligar silêncios, pausas e superfícies.
Resistentes a imersão de reinventar sol.

Mas hoje escolho a poesia!
Rasgo agora a tela
 e reencontro a mim mesma.