sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Distância


A distância entre mim e eu, não tem nada a ver com tempo...não tem nada a ver com a memória,  nem com  o fuso horário das vivências, desencontradas pelos caminhos inconscientes do nós e perdidos no horizonte
de algodão e vento.

A distância entre mim e eu se confundi com o nascente e o poente de um pensamento sem escolha. Com impulso e ação, inação de não se permitir  pleno pela fragilidade de errar. Medo de sustentar-se caminho, na
mobilidade fluida de não se encerrar.Revisitando-se relicário
interminável de solidez, lugar imóvel, resquício de vida...lógica de ser contorno, olhar de não ser possibilidade.

Na loucura da incoerência, o que nos sustenta no ar rarefeito de afeto e
cumplicidade? O que nos trará a superfície da vontade e do desejo?

Viveremos o essencial como quem toca a eternidade?

O espaço do agora se confunde com o ontem e este é superado sem ao menos
lembrarmos de quem um dia fomos. Fomos um ou fomos a distância
interminável entre o nosso infinito eu?

Das respostas, a teia interminável do cotidiano tece suas questões... se ver, precisamos olhar, se olhar precisamos sentir, se sentir precisamos
viver...Das respostas, a teia interminável do cotidiano permanece tecendo suas questões.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Terra




"Não quero a languidez
De um corpo sem músculo
Na sombra da vontade perdida
Farinha,sal e raiz
Fincando os pés
Na dinâmica mutável do acontecimento
Renascendo diariamente
Na respiração da terra"

Universo

Para além da memória
No poente de um pensamento
Universo simbolico,chão de nossa casa

Casa de ar,agua e ilusão
Perdida na atemporalidade do sentir
Longe daqui,noutro lugar
Imovel,pela imutabilidade do sagrado

Do seu altar escolhas de eternidade
Movimento nas areias de seu mar

No rosto, o sopro do novo
Velho ar de estorias submersas
Reinventando-se com melodias
Que trazem lembranças de mim.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Tempo




"De acordo com a mitologia, Cronos temia uma profecia segundo a qual seria tirado do poder
por um de seus filhos. De temperamento violento e negativo, Cronos passou a matar e devorar
todos os filhos gerados com Réia. Porém, a mãe conseguiu salvar um deles, Zeus,
escondendo-o numa caverna da ilha de Creta. Para enganar Cronos, Réia deu a ele uma pedra
embrulhada num pano que ele comeu sem perceber.
Ao crescer, Zeus libertou os titãs e com a ajuda deles fez Cronos vomitar os irmãos (Hades,
Hera, Héstia, Poseidon e Deméter). Zeus, com a ajuda dos irmãos e dos titãs, expulsou
Cronos do Olimpo e governou como o rei dos deuses gregos. Como tinha derrotado o pai
Cronos, que simbolizava o tempo, Zeus tornou-se imortal, poder estendido também aos irmãos.
Na mitologia romana, Cronos é conhecido como Saturno."


Tempo,tempo tempo tempo...Conforme a mitologia, a explicação do tempo ainda sem a presença da objetividade cientifica, o coloca como cruel e implacável, devorando seus filhos e não dando a chance de sobrevivermos.A finitude cientifica comprova essa explicação sem a beleza inerente aos céus de Ícaro.E nossa melancolia indizível, a incomensurável dor de uma ausência.

Porem a representação simbólica da Sabedoria, do Renascimento e da Sensibilidade, materializados em ZEUS,HADES e POSEIDON, colocam o tempo em deslocamento e sua origem perde sua base.A dimensão temporal pela ótica da sabedoria , do renascimento e da sensibilidade perde sua capa taciturna e ganha ares de possibilidade...Mitologicamente o tempo embora implacável possui fragilidades, que são penetráveis por qualidades também humanas.

Como dialogar com tempo e ainda assim caminhar levemente?

Memórias, escolhas e vivencias históricas...Características inerentes a vida temporal.Finitude e Transformação.Renascimento e Sabedoria.Sensibilidade e Atenção.Dialogar com o Tempo é poder dialogar com a Vida.Sábia, sensível e em constante renascer.Porem o tempo foi devorado por sua fragmentação sem permissão, e sua criatividade diluida, pela inércia de nossos movimentos mais verdadeiros.

Estarmos atentos, na estrada central da vida nos possibilita não sermos devorados pelo tempo inerte.A distopia pink floydiana em suas canções nos canta um tempo fragmentado,alienado e sem atenção.Um tempo que vitimiza seus filhos pela falta de sabedoria em se fazer agente de sua própria narrativa perdida na vaidade de pertencer ao nada.Nada que possa se dizer nosso.Insensíveis diante de nossos irmãos e fixo nosso seu ego estúpido.Imagens fragmentadas na indústria da vida entorpecida de ilusões.A tristeza de não se enxergar a voz na multidão, o remete a um mundo lúdico de lucidez arida,beirando uma poesia sem esperança.

O real se torna necessário para entrarmos em contato com o lugar de nosso presente.Perdido pelas frestas, a margem de um tempo que possa ser plenamente vivenciado.

Mas o resgate de um verdadeiro dialogo com a vida, implica em atravessarmos
a membrana de nosso próprio tempo, vendo pela narrativa da eternidade, as possibilidades de nossas infinitas origens.Materializadas em nossas vozes.Vozes com múltiplas faces.Movimento,melodia, palavra, cor,toque.Possibilidades de
dialogo, vislumbrando um momento de despertar...Mediações entre nosso tempo e o verdadeiro tempo, atemporal em sua grandeza tangível.

Distopia


Pelo viés de uma vida distopica
A inconsciência de caminhos ditados pelo não
O amanhecer convida ao diálogo do impossível
E a sacralização o alimento da dor


Aprendendo a conviver
Com o lugar da ausência consentida
Por não traduzir o vazio
Num mal estar de lembranças

O imponderável sugere uma releitura
Diante muros ao longo dos tempos
E a voz não encontra meios
Para a mais singela melodia

Como encontrar a expressão
Para latência do não vivido
Esquecidas nos vestígios do silêncio
Pelas frestas das janelas que insistem
Em continuar fechadas.

Dos santuários de ti,medo
Da vida,movimento
Da consciência,explosão.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

VOZ


A dor da solidão alheia
Nos fere como a consciência

Não adiantará gritar
A nudez não lhe diz mais nada
E seu caminho
Somente obedecerão a seus passos

Vozes vãs não encontram
A linguagem para um olhar
Atento para o mundo
E desatento para si

Nossas escolhas,
Matéria de memórias,sonhos e nãos
Vivências históricas num caledoscópio
Aberto em veias de possibilidades
Somente terão significado para ti

Mas como não compartilhar
Signos,significados e melodias
Na turbulência pulsante do não viver
Onde imagens se confundem com desejos
E nem mais sabemos o porque de se estar

Pertencendo a tudo,
sem ao menos lembrar de sua imagem
distorcida nas águas de um rio sem fim.

sábado, 25 de junho de 2011

Cenário



A linguagem se faz cenário
Diante da cumplicidade do caos
Palavras perdem a força
Diante da co-existencia
De ser o mesmo material,
Imaterial em seu estado
De poesia,suor e solidão.

Distintos,frente a infinitude.
Compartilhada, como o amanhecer de cada dia.
Contemplada,como o horizonte de nossas historias
Vivida,como se tocassemos a eternidade.


Mas ser meio permite a vida
Palavra,som,gestos e movimentos
Traduzem o indizivel, diante do ruido,
que insiste em permanecer

Longe de nossos lares
Aquecidos com lareiras e velhos cobertores,
a mobilidade nos garante contorno
e caminhar a garantia de ser.
Sempre voz, sempre silêncio,sempre canção.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Alegria



A minha condição é a não condição
Na libertária narrativa lúcida
lúdico de feijão arroz e poesia.

Movimento no chão de seu céu
Atravessando o obvio e pisando seu palco,
Tão nosso, como o peso das roupas
Que sem culpa, esquece ao entardecer.

Linguagem mãe de nos mesmos,
Palavras vãs se derretem no sentido
de sua inutilidade.

Quero gritar a voz dos que vivem
e tocar os ouvidos dos que sentem
Na estrada melódica da canção de sempre.

sábado, 7 de maio de 2011

AMOR




No horizonte, além das palavras
No meio,sem meio de entendimento
A voz alcança a nota mais alta
E você finalmente me ouve.

Ouve como quem escuta a sim mesmo
E se entende na loucura trágica
do pôr do sol de seu pensamento
Velho em sua insistência tola
De não arriscar um passo.

As certezas se esfarelam
Como pães,que não jogamos fora ontem
E sobra o gosto da fragilidade
Das mãos que não pedem
O abraco afetuoso e perdido

Encerrando em sua nudez
E no frio da manhã,
que insiste em acorda-lo.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

POESIA


A NARRATIVA DA LIBERDADE
A CONSCIENCIA DA PROPRIA VOZ
ENTENDER-SE MEIO E NAO FIM
CONSTRUÇÃO DE CADA ESPACO
DO REAL,IMAGINARIO DE SI

SUOR, MOVIMENTO E PALAVRA
DANCADA,CANTADA E ESCRITA
PALAVRA FEIA
PALAVRA BONITA
CONFLITO NA EMINENCIA DO FALAR
CALAR E CONTINUAR
NA INTIMIDADE DO SILENCIO
BRINCAR

quinta-feira, 10 de março de 2011






A ruptura do que nao se constituiu
O gosto sem gosto do que não se foi
A pespectiva pela otica do conhecido
Desconhecido em seu peso arido
E voz extridente

A esperanca virou a curva
E ja e tempo de despertar

Sem esperar
Sem sentir
Sem entender

Arriscando-se novo de novo
Na poeira do tempo.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Fabrica de sonhos


Fechem as cortinas da vida comum, privada na sua singela e impar capacidade de frutificar o amanhecer
criativo de um pensamento diferente.O sol se põe na esquina de nossa passividade e a inação frente aos
dias seguem no controle da realidade que projetamos alegremente para a lente do próximo.

Tão distante de si e de suas capacidades que se desconhece, feliz em sua trajetória espetacular.Livre em
sua pequenez utilitária, rico nas lacunas que incansavelmente insiste em não preencher, com
possibilidades perdidas e ignoradas no tecer do dia.

Porque ousar ser assim, tão pequeno e frágil na sua grandeza ornamentaria.Atrevidamente arcaico em seus
pensamentos, isolados na sua difícil capacidade de ver, enxergando somente a aridez da realidade que te
afronta na árdua tarefa de conviver.

E o verbo se traduz medo de sua própria narrativa, perdida, nas palavras que se fragmentam no
vento.Poeiras e suor se mesclam com sua dor de contemplar o enigma sem ao menos tentar vivenciá-lo, na
incontrolável dinâmica de seu chão, que some a medida que segue sem rumo.

Sem controle, a entrega nunca será uma escolha, mas um abismo para a possibilidade de respirar outra
vez.Percorrendo talvez por estradas que te levem ao intimo magma de sua matéria.Etéreo e leve em sua
verdade,simples em seu movimento só.

E pela mediação que hoje te aprisiona, sua voz deixe de silenciar a infinidade de sons que adormecem em ti.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Trem azul


Linguagem plural
Ruídos entre multidões
Palavras sem voz
Amontoado de letras
Sem sentido,sem mensagem

Entender-se único
E mediador
Dos mundos
Dentro e fora
de nós.

Descobrir-se
palavra,
movimento,
cor,
traço,
imagem,
som.

Alcançar a nota
mais alta,além mar
no universo revolto
do outro e da gente.

Pelos trilhos...
Trem azul de vivências.
Se sustenta a narrativa
na árida construção diária
até o nosso amanhecer.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Vida


É na permissão da renovação que reside nossa identidade, é na entrega a própria vida que atuamos em sintonia com nosso mais profundo eu.É na desconstrução diária, nas mãos vazias para tocar, no nada para preencher,na fragilidade para fortalecer... é entre o eu e o você que reside o essencial.Nos reinventamos a cada instante,e mesmo assim jamais estaremos pronto, a idéia de estar preparado para algo se encerra no movimento, e o resto é o tudo e o nada, mesclados na nossa intima
capacidade de crer.Enquanto as ondas passam e insistimos contemplar o horizonte, enxergando-o com os olhos de quem
 vê, podemos ser tachados de loucos.A perspectiva de se olhar alem das engrenagens fixas de nosso cotidiano,requer trabalho
diário e fé.Sozinhos ou acompanhados o exercício do ver é único e sua concretização depende de nossa capacidade de escolha.E o tempo da escolha,é o tempo de se ousar perder.É onde a dor ganha contorno na encruzilhada da vida e o sofrimento se dissipa face a nosso movimento.