Há uma febre violenta.
Que me puxa para o fundo.
Na superfície
tudo permanece intacto.
Mas lá embaixo,
as águas são agitadas e fortes
Vejo você,
em suas versões
não autorizadas de si.
Elas dançam sem medo.
E cantam quando chega a noite.
Elas riem do mundo.
E não se levam tão a sério.
Elas não tem medo de errar.
Me puxam para dentro.
E me convidam a olhar a lua.
Elas falam coisas de amor.
E não sentem vergonha.
De ficarem nuas
E me adormecem para que esqueça.
Mais uma vez.
Elas são apaixonantes
Embora imersas na poeira do tempo.
Sem tempo para imperfeição.
Onde os dias foram substituídos,
por folhas de fichário
que voam ao vento
Como as memórias do que não fui.
O delírio cotidiano é a presença
Mesmo que fugidia
O delírio cotidiano é te ver
No horizonte de uma poesia.
O delírio cotidiano é o encontro
Que se desfaz da noite pro dia.
Na partilha do sol que aquece pele
No coração embrutecido pelo pensamento
Na garganta ressecada pelo não.
Na dor em matar uma paixão.
Na superfície árida que diz:
Não posso
Não quero
Não vou
Viver outra vez