As mãos estão vazias
As mãos sempre estiveram vazias
Para dançar no fluxo
Pelas resistências do corpo
Na trama dos afetos.
Na peneira das relações
O entrelaçar dos laços frouxos
Na teia do comum
No ninho dos ancestrais.
Pelos pais e tudo mais
Na conversa eternizada de histórias.
Nas memórias, na cozinha,
No trabalho que se alinha
No suor em busca da conexão.
Na ausência de razão.
Na pulsão de fogo e paixão.
Na mão que encontra outra mão
Nos pés descalços
Na areia, no chão, na ação
Na transmissão de tudo que é.
Afeto.
Afeto que chega e que sai
Afeto que atravessa e que vai
Vira poeira no mundo
E nasce poesia.
Vida que não espera o sim
Nos desencontros fortuitos da aceleração
É tempo de nãos
Não vou
Não quero
Não estou bem.
Mas tb é tempo de reencontrar
O toque no fluxo vivo
Energizado do entre
Entre galáxias de silêncio
Entre o tempo
Há vida