terça-feira, 18 de abril de 2017

E durante um diálogo com minha filha sobre a páscoa, algumas questões vieram a tona e é inevitável repensar sua representação nos dias atuais...Primeiro me vem a questão do sacrifício, a questão da consciência de sacrificar-se por algo ou alguém...isso me soa totalmente anti pós-moderno, não há tempo para aprofundar relações qt mais sacrificar-se por alguém...mas ate onde o não sacrificar nos coloca num território do sacrifício da superfície, onde não mergulhamos em algo vivo e continuamos na imagem destocida de nós,presos no limbo do não viver?
O sacrifício aqui não seria o de ferir-se ou permitir alguma agressão, mas o de deixar o outro te afetar a ponto de doar e receber, a ponto de trocar,e se perder e se achar, de conviver verdadeiramente.Mas a ideologia neoliberal nos coloca na condição de indivíduos competitivos e solitários, o sacrifício diário é sobreviver diante da ameaça do outro ,que nos assombra diante da possível tomada de um lugar que sequer um dia foi nosso, que nos machuca ao olhar mais para o que nos distancia do que para o que nos une, que não se permite fragilizar, que se fortalece pelo olhar do outro para algo que nem mesmo ousou experimentar mas que mostra insistentemente em narrativas vazias de si.
Infelizmente estamos muito distantes do amor a humanidade, pois estamos distante da humanidade, da humanidade que ousa tocar o sensível e não se embrutece diante do sobreviver solitário.O sobreviver jamais poderia ser solitário, ó sobreviver é conjunto, o sobreviver é coletivo.Vivemos numa era do sobreviver solitário, pessoas morrem ao nosso lado e comemoramos sem nos afetar com a dor alheia,alias, a dor alheia não nos sensibiliza em nada, so nos liga um alerta, para nos proteger da situação que aflige o outro.
Ate qd essa estrutura cristalizada será o natural diante das coisas mais simples e comuns, até quando o outro será a ameaça , até qd as estruturas seguirão inquestionáveis no cotidiano de desafeto e solidão?Até quando a cegueira social seguirá incólume a dor de uma humanidade que se anestesia da verdade e da vida?
Por que o amor a humanidade é um exercício do pensar e do fazer,a prática do amor é uma construção coletiva, cotidiana e histórica.O sentir é uma urgência para o infinito do ser.Pelas brechas do hoje, como viveremos o amor de Cristo verdadeiramente em nossas vidas?
Feliz Pascoa

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