sábado, 22 de fevereiro de 2020

CASA


Porque nossas estruturas são feitas de água. 

Na escuta do ambiente, 

nos afetamos com ruídos finos:  

ausências, lacunas, memórias, silêncios e todos os barulhos  

que venham aguçar a escuta do coração atento. 

 

Na prontidão da emoção que cria pontes e religa palavras, 

na arte de dizer o indizível. 

As vezes nossas palavras são ouvidas,  

as vezes viram poemas que se misturam a tantos outros  

arquivados na garganta da web. 

silêncio se faz voz no universo das metáforas 

pelos desenhos das imagens que pulam do papel, 

na visão daqueles que se permitem sentir.  

 

Sentir a ausência daquilo que um dia foi e não será mais,  

ou quem sabe venha a ser de um jeito diferente.  

 

A casa é a testemunha dos ausentes. 

 

Ela fala pelos que um dia estiveram aqui. 

Esperando na utopia silenciosa que voltem a ocupar seus espaços.  

ou recrie espaços com as estruturas que foram fiéis.  


A minha estrutura é o afeto. 

Ora silencioso, ora extrovertido, na construção de castelos de ar. 

A viga de concreto é a arte. 

Arte do encontro na complexidade da vida. 

Na preciosidade dos instantes,  

momentos de beleza na estética dos acontecimentos. 

Repertório de memória viva guardados no tecido do corpo.  

 

Artesã de si na engenhosidade do eu 

Que se apresenta a todo momento como se fosse a primeira vez. 

A primeira vez desestruturante no desafio do agora. 

O agora nos desafia na cadência da consciência dos ciclos. 

Somos memória, e ousamos ser estrutura, 

que não se desintegra com a consciência do vazio perturbador. 

O amor preenche o espaço interno, que ele se expanda a ponto de afetar a todos. 

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