segunda-feira, 29 de março de 2021

Heroinas


    As mãos se entrelaçam 

As mãos se entrelaçam para que a vida não se perca no tempo.
O fluxo é interrompido  na aceleração do mundo
O feminino se cala diante a história.
O feminino se cala para que nasça uma nova história. 

Essa se povoa de heróinas.
Nossas mães, nossas avós, nossas tias e vizinhas. 
Cortam na carne o feminino silenciado.
    Ocupam ruas, vielas e estradas.

São outras, são as mesmas.
São a possibilidade de outra realidade.
São a liberdade no recorte de tempo.
São pais em pele de mães.
São anciãs.
Na inquietude da busca que não cessa.

Na interrupção, a revolução.
A aridez é o discorrer do processo
É o verbo inconcluso.
É o sacrifício de outra instância.
É a possibilidade da integridade de todas.

Porque sempre fomos uma.
Na abundância e na falta
Porque sempre fomos uma
Na dor e na alegria
Porque sempre fomos uma
No renascer profundo do reencontro.

No fluxo do feminino restabelecido
Nos olhamos em silêncio.
Passado e presente.
Promessa de futuro.
Reconectando vida em estado de graça. 


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