sábado, 23 de julho de 2022

Corpo Alma-Poesia adulta

 

Era corpo,
corpo que a maior parte do tempo cala, 
corpo que se resguarda dos afetos pungentes,
 que transformam vida,
 corpo que não permite ser corpo. 
Era mente.
Mente que cria desculpas.
 Mente que mente.
Por que se fora corpo
 seria transbordamento de alma pelos poros dos sentidos.
Mas também se comunicava,
 era desfiladeiro de si,
 busto que se dobra pra ver a altitude da queda,
pernas que se encostam,
pés que se alinham na iminência em cair,
dobrar-se diante do meio 
e desequilibrar nas fronteiras da gente.
Era fome de corpos que se mesclam no encontro das águas.
 Era carne que se comunica,
 carne que se conecta ao chão do coração.
Era paixão. 
Era a promessa do encontro,
 era o conto.
Conto de histórias e trocas, 
de comunidades vivas, 
de pés descalços nas areias quentes,
 era nudez da gente.


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