sábado, 15 de agosto de 2020

Onde andam meus pés?

 


Meus pés pisam em nuvens. 

De algodão, feijão e poesia.

São pés ancorados em estruturas de água

Que percorrem o tempo dos afetos, 

das memórias, dos silêncios e da pulsão.


Que andam na utopia do amanhecer sol.

Que cria e aquece pele.

Que media a essência do nós.


Mas também são pés,

Por ora cansados, 

sedentos por terra úmida 

e capim vivo.


Pés que pisam no meio sagrado da gente.


Que sentem os ruídos finos

de tudo que venha aguçar 

a escuta do coração atento.


Que transborda amor

Em condição de vida

Sem espera de chegada

Na pausa do mundo

Na eternidade da alma


Que flui no desatar de nos, magoas e ressentimentos.

Que vibra linguagem no leito da vida.


Na prontidão da emoção 

que cria pontes 

e religa palavras

 na tentativa de dizer o indizível. 


São pés.

Vivos.

Aterrados a poética do instante.

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