sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Viver

Sua palavra era transfor-mar

Seguia intuitivamente essa direção.

E dignidade era o nome daquilo que fora construído na busca pelo lugar de ser.

 Na busca utópica em não precisar ser além do que se é. 


Mas o que se era afinal?


Era tudo aquilo que sabia ser e tudo aquilo que buscava descobrir. 
E sua busca era intensa, uma inquietação na verdade da essência.
 Era experiência na linguagem da troca. Era alquimia interna e externa.
 Membrana dos mundos de dentro e de fora.

 A sobrevivência a solicitava inteira,
 mas tinha momentos em que se via em pedaços. 
Fragmentos na tentativa de diluir afetos, 
Era muitas por todos os cantos das habitações de si
Algoz na permanência de seu relicário de redenção.

Era preciso entender o percurso do nós. 
Era preciso entender o percurso da dança da vida.
 E cantava e dançava e sorria nas brechas do eu.
Que ansiava por respostas. 
Que vivia por construir perguntas.

Das perguntas que gritavam mais alto, era dificil escolher uma.
Uma que desatasse o nó mestre da vida.
Que respondesse a pergunta chave do enigma.
Que desdobrasse como flores de lótus o peso de existir.

Porque existir tem um peso,
 um peso para além do corpo, da matéria, dos ossos. 
Um peso que atravessa as memórias,
e pelas nuvens esquecidas do amadurecimento 
se reencontram nas narrativas do silêncio, 
revivendo na pele a inconsciencia de ser.

E era. 
 Era obediente em sua essência de subverter o tempo.
 Aceitando a existência do sim e do não.
No percurso que faz aquecer o coração.
Em ritmo de carne e canção,
Pelo tear de mãos com mãos.
Na poesia do integrar,
para além da superficie do olhar  
E gritar:
-Vem,
no caminho eu te mostro instante.

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