sexta-feira, 8 de outubro de 2021
sábado, 25 de setembro de 2021
Recomeço
As mãos estão vazias
As mãos sempre estiveram vazias
Para dançar no fluxo
Pelas resistências do corpo
Na trama dos afetos.
Na peneira das relações
O entrelaçar dos laços frouxos
Na teia do comum
No ninho dos ancestrais.
Pelos pais e tudo mais
Na conversa eternizada de histórias.
Nas memórias, na cozinha,
No trabalho que se alinha
No suor em busca da conexão.
Na ausência de razão.
Na pulsão de fogo e paixão.
Na mão que encontra outra mão
Nos pés descalços
Na areia, no chão, na ação
Na transmissão de tudo que é.
Afeto.
Afeto que chega e que sai
Afeto que atravessa e que vai
Vira poeira no mundo
E nasce poesia.
Vida que não espera o sim
Nos desencontros fortuitos da aceleração
É tempo de nãos
Não vou
Não quero
Não estou bem.
Mas tb é tempo de reencontrar
O toque no fluxo vivo
Energizado do entre
Entre galáxias de silêncio
Entre o tempo
Há vida
Elogio a casa
E a casa me leva pra casa.
Me sugere asas.
E faz eu questionar meus pés.
Meus pés pisam na casa
E sente o afeto de todos.
Estruturando o chão de madeira da web.
A casa de aguas, de rios, de riscos e abismos.
Abismos de si.
Eu devagar volto pra casa
Pro corpo presente
Pro corpo da gente!
E sinto o cheiro de café da casa.
Da leitura não utilitária.
Da casa florescer.
No meu amanhecer.
Eu refaço a minha casa
Do alicerce ao telhado.
Olha ali, pulou um gato!
Que me fez esquecer.
A casa ta no entre.
No meio da gente.
Na asa do C.
E hoje ela ta em mim
Não ela passa por mim
E vou pro mundo.
Que invade casa.
terça-feira, 1 de junho de 2021
Escuta
Desfiladeiro de si.
Busto que se dobra pra ver a altitude da queda.
Pernas que se encostam.
Pés que se alinham.
Na iminência em cair,
dobrar se diante do meio
e desequilibrar nas fronteiras da gente.
domingo, 18 de abril de 2021
Canto
Eu não sou sua anestesia.
domingo, 4 de abril de 2021
O renascimento do amor
O renascimento do amor
Amar é antes de tudo ter coragem.
Coragem em empreender uma jornada de transformação.
Após a entrega, nada será como antes.
Muitos desistem quando se deparam com a grandiosidade desse sentimento.
Outros nem empreendem essa subida-descida- subida.
Certos que nada será para sempre.
E não será mesmo.
A finitude gera diferentes reações.
Pq serão muitas fins e recomeços.
Arrisco a dizer que os recomeços são diários.
E serão necessárias inúmeras entregas no decorrer do percurso.
Desafios na tarefa do exercício em confiar.
No equilibrio da gente.
Interno e externo,
luz e sombra,
pranto e canto.
Pq não seremos os mesmos.
Seremos outros e outros nos rios dos afetos.
O que é preciso é a coragem da conexão.
Conexao consigo e com mundo.
Fluxo vivo na presença do instante.
Entregar se ao amor é perder se dos roteiros de si.
Arraigados na crença que controlamos tudo.
É vida colaborativa na construção do comum.
É festa do reencontro.
É medo da morte, é sorte.
É fragilidade, em ser vencido.
É servir ao vencedor.
É fé.É esperança.
É o amor.
Não há explicação racional para o amor.
Ele renasce todos dias.
E a gente?
FELIZ PÁSCOA!
segunda-feira, 29 de março de 2021
Heroinas
As mãos se entrelaçam
As mãos se entrelaçam para que a vida não se perca no tempo.O fluxo é interrompido na aceleração do mundoO feminino se cala diante a história.O feminino se cala para que nasça uma nova história.Essa se povoa de heróinas.Nossas mães, nossas avós, nossas tias e vizinhas.Cortam na carne o feminino silenciado.
São outras, são as mesmas.São a possibilidade de outra realidade.São a liberdade no recorte de tempo.São pais em pele de mães.São anciãs.Na inquietude da busca que não cessa.Na interrupção, a revolução.A aridez é o discorrer do processoÉ o verbo inconcluso.É o sacrifício de outra instância.É a possibilidade da integridade de todas.Porque sempre fomos uma.Na abundância e na faltaPorque sempre fomos umaNa dor e na alegriaPorque sempre fomos umaNo renascer profundo do reencontro.No fluxo do feminino restabelecidoNos olhamos em silêncio.Passado e presente.
Promessa de futuro.Reconectando vida em estado de graça.
sexta-feira, 19 de março de 2021
Quem somos nós?
Porque o não ,
o não é a antecipação tola de um possível talvez,
num medo descabido em não se encarar pertencente
A vivência se reduz a consciência
Até que ponto a fragilidade nos distância?
Até que ponto a fragilidade faz com que
O que te faz pulsar no amanhecer de suas incertezas?
Por que ser é premissa, bênção inegociável
Quem é você no jogo do tempo?
sábado, 6 de fevereiro de 2021
Mulher
Ouço sua voz
Quando atravesso camadas submersas em mim.
Quando piso em meu eixo entregue a sorte.
Quando sinto o vento das coisas fugidias.
Quando o canto me leva as extremidades do sutil.
Quando paro no compasso para ser o que sou: mulher.
Porque ser mulher não é tarefa simples.
É trabalho cotidiano na relação com o mundo que desagua rios na carência em não tê-la.
É feminino sensível na mediação de tudo que pulsa.
É força no germinar tempo de florescer vida que desdobra vida.
Que ouve coração no exercício de chorar junto.
Aquecer ninho e não deixar sozinho.
No silenciamento de si, o lamento do mundo.
Mundo que não sabe lidar com ela.
Ela que se ajusta as demandas do mundo.
Mas também é festa desejante
Aguas profundas do nós
Vínculo, conexão, alquimia
Brincante do chão da gente.
Pelos palcos da noite e também do dia.
Quando o feminino perde espaço?
Quando negociamos o mais sagrado em nós?
Até que ponto alcançaremos estrelas e pisaremos nosso chão na utopia extraordinária do sentir.
Expansão pra dentro e pra fora.
Fora dos muros do medo.
Equilíbrio na troca com mundo.
Equilíbrio na troca com outro.
Equilíbrio.
Na corda bamba em viver.
segunda-feira, 25 de janeiro de 2021
Ouvir os fluxos do agora,
ler o silêncio de alguém,
ser tocado pela história que não é sua
mas que no fundo também é.
Somos coletivo brincando de ser individual.
Somos um, brincando de ser dois.
Somos paredes impenetráveis pela
vontade de controlar o que nunca esteve em nossas mãos.